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Channel: filmes de HQ – QUADRISÔNICO
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Por que “Homem-Aranha no Aranhaverso” pode virar uma nova tendência nos filmes de super-herói

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Você lembra quando saiu “Batman Begins” e toda a Hollywood começou a fazer reboots de seus universos de ficção mais icônicos? Pois “Homem-Aranha no Aranhaverso” é um daqueles filmes que você reconhece imediatamente como mais uma inovação no seu gênero e creio que ditará moda nos próximos anos, com os produtores usando como exemplo interessante para seus futuros filmes. “Quero um visual meio metalinguístico como fizeram no ‘Homem-Aranha no Aranhaverso'”, “quero uma apresentação de personagens esperta como no ‘Aranhaverso'” etc.

Meu exercício de futurologia se baseia principalmente em um fato: a moda de filmes de super-heróis está cansando as pessoas. Isso não parece ainda tão óbvio porque esses filmes ainda dão dinheiro. E esses filmes ainda estão trazendo boas ideias aqui e ali, apesar dos excessos. Mas em meio a esse cenário incerto sobre o gênero, “Homem-Aranha no Aranhaverso” chega cheio de distintivos que o diferem drasticamente não apenas da produção da Marvel e da DC nas telonas, mas de boa parte do cinema mainstream atual.

É o primeiro grande acerto da Sony com o Homem-Aranha depois de anos de erros e desapontamentos – pelo menos desde o “Homem-Aranha 2” de 2004, a meu ver. É a primeira grande produção animada de super-herói para o cinema -coisa que geralmente fica relegada ao mercado de home video. Esteticamente, é o melhor cruzamento de mídias já realizado com um personagem tão popular em todas elas: HQs, animação, cinema e games. É o filme de HQs mais comprometido com o conceito de multiverso, trazendo as liberdades criativas que este conceito implica. É ainda a estreia de Miles Morales no cinema, o que por sua vez resultou na primeira vez em que um ícone branco dos super-heróis teve seu legado transmitido a um afro-americano na mídia mais “nobre” do entretenimento: o cinema.

Mas de nada serviria toda essa ousadia se o filme não fosse bem amarrado e com um propósito sincero. Mas os produtores Phil Lord e Christopher Miller, responsáveis por outros bons filmões como “Tá Chovendo Hambúrguer” e “Uma Aventura Lego”, se revelaram aqui nerds apaixonados e meticulosos e transformaram “Aranhaverso” em uma belíssima e detalhada homenagem à criação maior de Stan Lee e Steve Ditko, modernizando o passado do Aranha sem perder de vista a essência dele: o sujeito comum que se torna herói por acidente, mas que se torna responsável e vence mesmo contra todas as expectativas.

Apesar do plot banal – enquanto Miles é picado por (outra) aranha radioativa, o Aranha-Peter Parker enfrenta o Rei do Crime para impedi-lo de usar um colisor para abrir uma ruptura no multiverso – a narrativa é a grande estrela de “Aranhaverso”. Este não é o primeiro filme a tentar um casamento estético entre cinema e quadrinhos – o injustiçado “Hulk” do Ang Lee, de 2003, fez isso muito bem 15 anos atrás – mas faz isso de forma magnífica com um belo traço pós-moderno com elementos de Bill Sienkievicz e animes sci-fi como “Ghost in the Shell” no grande quadro. E despiroca quando os Aranhas de outras dimensões entram em cena: o Porco-Aranha é puro “Looney Tunes”, Peni Parker é mangá no talo, o Noir é monocromático e por isso destoa de forma interessante e rende a piadinha do cubo mágico, e a Gwen-Aranha ainda entra por fora dando mais importância feminina a este universo.

E se ainda não percebeu que este não é um filme convencional do Homem-Aranha, a tônica da trilha sonora é hip-hop dos bons, os vilões foram bastante remodelados e nunca se viu tanta mulher e negro em cena nos filmes anteriores do Aranha – as cenas com a família do Miles são tocantes e a “tia May-Alfred” foi uma tremenda sacada. E easter eggs, meus amigos leitores de quadrinhos. Muitos easter eggs.

Depois de seis filmes em que o Aranha foi protagonista e um como coadjuvante, a gente já estava meio cansado de aranha radioativa, tio Ben morrendo, “grandes poderes”, Mary Jane, Gwen Stacy, os vilões de sempre etc. Aí veio “Aranhaverso” e explode nossas cabeças nos lembrando o quanto este personagem é demais. É bem verdade que o fato de ser uma animação e se passar fora da cronologia dos filmes de “carne e osso” o deixaram mais à vontade, mas eu não reclamaria se mais animações para o cinema dessem as caras com essa qualidade e carinho pelo material original das HQs.
E parece que vem mais mesmo.

(Este texto também está no meu perfil do Medium)


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